Coronavírus: por que a Noruega está no centro da busca pela cura

05 de março de 2020 4 minutos
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O surto global de covid-19, infecção respiratória causada por um novo coronavírus, surgiu na China, mas o caminho para a cura pode estar bem distante de lá: na Noruega. É na capital do país, Oslo, que fica a Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias, organização que centraliza diferentes esforços de pesquisadores para combater o coronavírus e outras doenças de escala planetária. É exatamente o caso hoje do surto surgido na China. Em menos de três meses, a doença já foi detectada em mais de 80 países e territórios. Até esta quinta-feira (5/3), a infecção matou 3,3 mil pessoas e infectou quase 100 mil.

Conhecida por sua sigla em inglês, a CEPI não realiza pesquisas científicas. Com uma equipe fixa de 68 profissionais, a coalizão funciona como uma espécie de centro de operações para o desenvolvimento de vacinas. O fato de não ter laboratórios não diminui o peso de sua atuação. Ela serve como ponto de contato de empresas, governos e centros de pesquisas de todo o mundo, que trabalham em várias iniciativas simultâneas – em alguns casos, com recursos repassados pela organização. Os cientistas atestam o papel-chave da CEPI nas pesquisas que tentam criar uma vacina (e a cura) contra o coronavírus.

Origem da entidade

O coalizão foi concebida no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em janeiro de 2016. No entanto, estava claro já em 2014 que os países precisavam se unir para criar uma entidade do gênero. Naquele ano, um surto de ebola na África Ocidental, que matou mais de 11 mil pessoas, apressou os cientistas na busca por uma vacina. Nenhuma empresa havia produzido uma pela falta de apelo comercial: a doença representava um mercado pequeno e os maiores beneficiados pelos esforços eram países pobres.

As operações da CEPI começaram em 2017. A entidade nasceu com recursos do Fórum Econômico, dos governos da Noruega e da Índia, da Fundação Bill & Melinda Gates e do Wellcome Trust, instituto de pesquisa sem fins lucrativos sediado em Londres. Até o início deste ano, ela já havia arrecadado US$ 760 milhões – a meta é chegar a US$ 1 bilhão. Além dos financiadores originais, Austrália, Canadá, Alemanha, Japão e Reino Unido também têm feito contribuições anuais.

Primeiro grande teste

A busca pela cura para a covid-19, causada pelo coronavírus, é o primeiro grande teste enfrentado pela CEPI. Duas semanas depois que a China anunciou, em 7 de janeiro, que um novo coronavírus havia desencadeado um surto de pneumonia na cidade de Wuhan, a CEPI anunciou o financiamento de três esforços para desenvolver uma vacina que proteja contra o vírus. Uma semana mais tarde, acrescentou um quarto. Poucos dias depois disso, a organização revelou um acordo adicional, com a fabricante de vacinas GSK. A empresa permitiu que seus adjuvantes proprietários – compostos que aumentam a eficácia das vacinas – fossem usados nos estudos.

A coalizão tem outro trunfo: ela já estava à frente de pesquisas para uma vacina para casos de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Elementos desses estudos servirão para o desenvolvimento de uma vacina para a covid-19, segundo Richard Hatchett, diretor executivo da organização. Ele acredita que uma vacina poderá surgir em um prazo de 12 a 18 meses. Esse cronograma, afirma ele, significa que a vacina não conterá o surto atual. Ainda assim, ela será essencial se o vírus voltar – ou nunca desaparecer.

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